Navas de Tolosa, uma Cruzada na Península Ibérica Medieval

 

Manoela Boareto *

Versão em PDF

     

A conjuntura Ibérica do século XII fez do rei Afonso VIII, o nobre (1158-1214) um representante militar, forjado na tradição visigoda e com interesses voltados para a guerra de Reconquista. A primeira conquista militar do monarca foi a batalha de Cuenca (1177) vencida pelo rei contra os almoádas, depois de romper o acordo de paz com o califado e com os reinos taifas. A batalha de Cuencas e a tomada de partes do território islâmico da província da Sevilha fortaleceu os ideais de reconquista do monarca cristão.

 


Miniatura del Tumbo Menor de Castilla. Archivo Historico National. Madrid. In: RIBEIRA, Pedro. “Historia de España (Edades Antigua y Media)”. Enciclopedia Labor. Barcelona: Editorial Labor, 1959, p. 128.


Após Navas de Tolosa, Castela destaca-se no cenário político da Península Ibérica. O Califado Almoáda fragmentou-se em diversas taifas. Sobre as consequências da vitória cristã. O processo da guerra foi decisiva para o domínio de Castela diante das outras monarquias durante o reinado de Afonso VIII. Com a vitória dos cristãos sobre os muçulmanos ocorreu um processo de reorganização política na Península no contexto de Guerras de Reconquista e/ou Cruzadas.

A política de reconquista de Afonso VIII, contra os muçulmanos pela hegemonia regional, influenciou a sociedade castelhana dos séculos XII e XIII. A partir da vitória de Castela em Navas de Tolosa o avanço cristão em Andaluz não pode ser contido, os muçulmanos perderam forças e apoio. Os feitos de Afonso VIII com as guerras de Reconquista não só ampliaram a ação da Igreja na Península Ibérica como deixou um legado para os próximos monarcas de Castela manter a Reconquista até a formação da Espanha Moderna. O período que corresponde a batalha de Navas e Tolosa até a união dos reinos de Aragão e Castela é chamado de: história de uma desintegração (RUCQUOI, 1993:174), essa desintegração corresponde ao fim da hegemonia política e territorial dos muçulmanos na Península Ibérica.

A participação da Igreja nas guerras Peninsulares proporcionava a reunião das ideias de paz, de guerra santa e de peregrinação. A Península Ibérica deste período possui características belicosas e religiosas proporcionadas pelo ambiente de constantes confrontos com os islamitas.

O contexto cruzadista da batalha de Navas de Tolosa e a participação efetiva de Castela, forneceram ao rei Afonso VIII o prestígio como sucessor dos reis do passado e a missão de recuperar antigos territórios conquistados aqueles que a religião cristã considerava como infiéis. Tal reflexão foi condutora do que conhecemos hoje como Reconquista da Península Ibérica.


Bibliografia


DIEZ MARTINEZ, Gonzalo. Afonso VIII Rey de Castilla y Toledo. Burgos: Editora La Olmeda, 1995.


FRANCO JÚNIOR, Hilário. Peregrinos, Monges e Guerreiros. São Paulo: Editora Hucitec, 1990.


LOMAX, Derek. La Reconquista. Barcelona: Editora Crítica, 1984.


PALENZUELA ÁLVAREZ V. A. e FERNÁNDEZ SUÁREZ, Luis. Historia de España. Editora Gredos, Madrid: 1988.


RUCQUOI, Adeline. História Medieval da Península Ibérica. Estampa, Lisboa: 1995.



 

 

 

Manoela de Gusmão Boareto* - Lattes

Graduanda em História pela Universidade Federal do Espírito Santo

Integrante do Laboratório de Estudos sobre o Império Romano (LEIR/ES)